ZONAS DE METAMORFISMO





Com curadoria de Ana Albani de Carvalho, a mostra ZONAS DE METAMORFISMO de DIONE VEIGA VIEIRA reúne fotografias em diferentes dimensões e instalação, nas quais a artista explora as relações entre fotografia, realidade e ficção a partir do olhar sobre as paisagens marítimas ou montanhosas, destacando elementos que provavelmente não veríamos sem o auxílio da lente de uma câmera. Zonas de Metamorfismo assinala as relações históricas entre arte e ciência evidenciando sua necessária conexão para a construção do conhecimento sobre o mundo e propõe uma desaceleração no ritmo da percepção.



          Zonas de Metamorfismo 

        A exposição Zonas de Metamorfismo apresenta a produção recente de Dione Veiga Vieira, artista cuja trajetória teve início na década de 1980. Em um conjunto de imagens dotadas de grande força visual, Dione Vieira explora as relações entre fotografia, realidade e ficção a partir do olhar sobre a paisagem natural. A textura material de algumas fotografias, propositadamente, aproxima-se da experiência que temos diante da pintura; em outras, emprega decididamente os recursos da computação gráfica, como o quadriculado e as escalas de cor, sinalizando as relações históricas entre arte e ciência e sua necessária conexão para a construção do conhecimento sobre o mundo.

            A partir de tomadas em paisagens marítimas ou montanhosas, Dione joga com diferentes pontos de vista, passando do distante e amplo, para o detalhe e a proximidade, destacando texturas e cores que o olho provavelmente não observaria sem o auxílio da lente de uma câmera. Este ir-e-vir entre o particular - a multiplicidade de cores e texturas observadas em um pequeno fragmento de rocha ou na vegetação que cresce entre as pedras – e o geral, representado pela bruma ou pelo mar, simula alguns códigos do discurso científico, especialmente voltado ao exame minucioso da natureza.  As imagens fotográficas que Dione nos apresenta, porém, mais do que seduzir por sua beleza, visam suspender a possibilidade de uma delimitação efetiva entre o campo do sensível e o do inteligível, entre o que sabemos existir na realidade e o que as imagens nos apresentam ao olhar.

            Caso o espectador se contente com uma mirada rápida, talvez tenha a impressão de que algumas cenas se repetem em fotografias de diferentes dimensões. Dedicando um pouco mais de atenção – lembrando a proposição do artista espanhol Antoni Muntadas, quando defende que “percepção requer envolvimento” –, percebe-se variações sutis em alguns elementos ou pontos da cena. Estas pequenas diferenças remetem à passagem do tempo, fluindo em ritmo aparentemente lento. Com o título da exposição Zonas de Metamorfismo referindo-se às transformações sofridas pelas rochas, a artista pretende remeter aos fluxos do tempo geológico, cuja escala de mudança está muito além da experiência humana.  Assim, a experiência proposta através da arte, de modo geral, e no caso destas séries de fotografias e instalação, em particular, propõe uma desaceleração no ritmo da percepção. Um corpo que parece pedra, um cenário que oscila entre que é mesmo leve ou pesado, apresenta-se denso ou fluído.


ZONAS DE METAMORFISMO

Dione Veiga Vieira

Galeria Mamute
Visitação: 11 de maio a 19 de junho de 2015
De segunda a sexta, das 14h às 18h
Sábados com agendamento.
Estacionamento conveniado em frente a Galeria - Estacione Bem
Rua Caldas Júnior, 375 - Centro Histórico - Porto Alegre


Dione Veiga Vieira, 2015. Zonas de Metamorfismo. Instalação. Dimensões variadas. Mesa, objetos, livros e fotografia.




Dione Veiga Vieira. Zonas de Metamorfismo/2015. Detalhe. Mesa de madeira, pedra, vidros, cadernos de anotações com fotografias. Dimensão Total Variável. Vista parcial da exposição na Galeria Mamute - Porto Alegre.




(...) Caso o espectador se contente com uma mirada rápida, talvez tenha a impressão de que algumas cenas se repetem em fotografias de diferentes dimensões. Dedicando um pouco mais de atenção – lembrando a proposição do artista espanhol Antoni Muntadas, quando defende que “percepção requer envolvimento” –, percebe-se variações sutis em alguns elementos ou pontos da cena. Estas pequenas diferenças remetem à passagem do tempo, fluindo em ritmo aparentemente lento. Com o título da exposição Zonas de Metamorfismo referindo-se às transformações sofridas pelas rochas, a artista pretende remeter aos fluxos do tempo geológico, cuja escala de mudança está muito além da experiência humana.  Assim, a experiência proposta através da arte, de modo geral, e no caso destas séries de fotografias e instalação, em particular, propõe uma desaceleração no ritmo da percepção. Um corpo que parece pedra, um cenário que oscila entre que é mesmo leve ou pesado, apresenta-se denso ou fluído.

Trecho de texto sobre a exposição Zonas de Metamorfismo, 2015.
Dione Veiga Vieira. Zonas de Metamorfismo/2015. Detalhe de instalação. Mesa de madeira, pedra, vidros, cadernos de anotações com fotografias. Dimensão Total Variável. Vista parcial da exposição na Galeria Mamute - Porto Alegre.